Relações familiares e sua interferência nos negócios da empresa
Gerenciar uma empresa familiar não é tarefa fácil, principalmente quando as relações familiares interferem diretamente sobre os negócios. Situações cotidianas das famílias como casamento, nascimento, criação e educação dos filhos e o envelhecimento de seus membros normalmente influenciam no desempenho das empresas. Isso porque, com o passar dos anos, a família vai crescendo, as despesas pessoais vão aumentando e, muitas vezes, as receitas geradas pela empresa não conseguem sustentar toda essa demanda. Portanto, de forma geral, a maioria das empresas familiares passa por quatro estágios sequenciais, regidos pelo envelhecimento biológico de seus membros.
No primeiro estágio da jovem família empresária, o aspecto pessoal é marcado pelo casamento e pelos primeiros anos de vida dos filhos. Nessa fase, fará parte dos planos do casal iniciar uma atividade empresarial, de forma que tempo, energia e dinheiro poderão ser escassos, o que exigirá muito esforço de ambos para que o negócio se desenvolva.
No decorrer dos anos, os pais enfrentam o desafio de preparar seus descendentes para as melhores oportunidades de sucesso quando adultos. Contudo, nas famílias empresárias o desafio é um pouco diferente, porque em meio a todas as alternativas que os jovens adultos possuem diante de si, existe uma oportunidade específica que precisa ser aceita ou rejeitada: trabalhar nos negócios da família, momento que pode representar o segundo estágio, da entrada na empresa familiar.
O terceiro estágio, descrito como trabalho em conjunto, é identificado quando 1a e 2a gerações da família dividem o mesmo espaço dentro da empresa, somando esforços para potencializar o sucesso do negócio. Nessa fase, como muitos conflitos podem vir à tona em razão do convívio diário, é importante que haja uma boa comunicação entre os familiares e ferramentas de mediação, para que eventuais divergências sejam resolvidas de maneira produtiva e não destrutiva.
E por fim, o quarto e mais delicado estágio, conhecido como a passagem do bastão é marcado por um choque de forças opostas: a dificuldade da geração mais velha em sair da empresa e a da geração mais nova em esperar. Existe de fato um grande temor do fundador de perder a estatura heroica alcançada ao longo de anos de dedicação à empresa e com ela também perder status, poder e outras recompensas que a posição lhe proporciona.
Para evitar surpresas desagradáveis, é importante que membros de empresas familiares se antecipem aos acontecimentos e já deixem tudo escrito e organizado de forma muito transparente, para que as próximas gerações conduzam com maestria as empresas e os negócios deixados pela família.
AUTORES:
Monique de Souza Pereira – Membro do GEEF – Grupo de Estudos de Empresas Familiares – FGV/SP e associada do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. É advogada e consultora de empresas de controle familiar no escritório Souza Pereira Advogados em Curitiba.
Nelson Luiz Paula de Oliveira – Administrador, coordenador do Capítulo Paraná do IBGC; Especialista em Governança Corporativa e Familiar com Certificação pelo IBGC. Conselheiro Fiscal do IBEF Paraná. Atua como Consultor nas áreas econômico-financeira e estratégica de diversas empresas.
Fonte: Diário Indústria & Comércio/PR
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